26.12.06

Azul, cor do Natal


Quem anda por Lisboa já reparou que a Av. da Liberdade tem uma iluminação que se destaca do resto das ruas da cidade. Afinal, trata-se de um ex-libris que milhares de pessoas sobem e descem diariamente apesar de, ultimamente, ser quase impossível devido aos congestionamentos que ali se geram por esta altura. Toda a gente quer ver as bolas azuis penduradas nas árvores desde o Marquês até aos Restauradores. Mas este ano, as iluminações da Av. da Liberdade são patrocinadas pela Volkswagen. Trata-se de um acontecimento pioneiro em Portugal, o patrocínio de iluminações de Natal.
Desde o dia 14 de Dezembro que, através de uma comunicação simples e subtil, a VW está na Av. da Liberdade, especificamente ali, para que todos apreciem esta iniciativa que consegue ser ao mesmo tempo uma expressão da sofisticação da marca, bem como da sua proximidade com o público. Para quem passa por lá, saltam à vista as gigantes bolas cinzentas logo no Marquês, bem como outras tantas bolas em cima das paragens mais em baixo nos Restauradores. Além das bolas de luz azuis, que juntamente com o branco formam as cores da VW, 50 vasos iluminam a base das árvores destacando o logotipo da marca.
Para mim o melhor são mesmo os novos mupis transparentes da JCDecaux, que a Guronsan também está a usar com a proximidade das ressacas de fim de ano e a que a Mango discretamente recorreu no início do ano. Este novo suporte destaca-se pelo efeito de luminosidade e total integração com aquilo que o rodeia, causando um sentimento de relação com o que está a ser anunciado pela proximidade com a realidade. Experimentem olhar para um, de certeza que daqui para a frente vão dar que falar!
Quanto à iniciativa da VW, acho que fica bem, nem que seja para fazer acordar outras marcas para iniciativas destas, em que se mostrem para todos, atingindo ao mesmo tempo aqueles que não lhes dizem nada e muitos que não ficam indiferentes a estas coisas.

24.12.06

Sim, sff


O referendo à despenalização do aborto já começa a mexer. A plataforma pelo não iniciou a sua campanha na primeira semana de Dezembro, uma época estratégica para chocar os mais vulneráveis com os argumentos que defendem nos seus outdoors. Toda a campanha gira à volta de perguntas que não dão muito que pensar. Caso contrário, vejamos. "Abortar por opção sabendo que já bate um coração?" - Todos sabemos que já bate um coração, o de uma Mulher que certamente não se sente feliz por ter que tomar essa decisão, ainda mais com o peso de estar a cometer um crime.
A questão mais importante aqui é que os abortos sempre existiram, são uma realidade que a todo o custo pretendemos marginalizar, mantida à custa de preconceitos e julgamentos éticos. Ninguém é a favor de se matar ninguém! Não é isso que está em causa!! O que está em causa sim, é a possibilidade de uma Mulher poder, livremente, tomar uma decisão que é só dela e que mais ninguém sabe o quanto lhe custa. Na minha opinião, e desculpem porque este post era apenas para comentar a campanha do ponto de vista de marketing, a situação actual é uma cobardia muito grande, pois os abortos nunca vão deixar de existir, é apenas uma questão de fazer com que deixem de ser clandestinos.
Mas ok, tenho de admitir que a plataforma "Não-obrigada" está nas ruas com uma campanha impactante e agressiva, porém não concordo que seja uma campanha de esclarecimento, pois aquilo que estão a fazer não é esclarecer, mas antes continuar a esconder a realidade à custa de sentimentalismos, que a meu ver revelam uma escassez de argumentos.
Nunca fui muito fã de campanhas políticas (ou de política?!), mas desde há uns anos para cá tem-se notado uma evolução brutal nessa área. Sobretudo, porque passou a existir um recurso a agências especializadas nessa área do Marketing, dotadas de especialistas em elaborar estratégias específicas capazes de gerar um enorme confronto entre opostos, e cujo objectivo final é conquistar votos e não aumentar um volume de vendas.
Estamos cá para ver a reacção do movimento pelo Sim, na esperança de que também ele se faça notar, mas pela positiva.