Arrancou em Janeiro a campanha "Compro o que é nosso", uma iniciativa da AEP (Associação Empresarial de Portugal) que pretende incentivar a compra de produtos made in Portugal gerando valor acrescentado para o país, mais emprego, mais riqueza e mais desenvolvimento económico.
Era bom que se conseguisse criar esta consciência na cabeça dos portugueses, mas na verdade, o grande problema reside em identificar que produtos e que marcas são esses que se produzem no nosso país. E, certamente, aquilo que está aqui em causa não é incentivar o consumo de produtos agrícolas, como a fruta e coisas do género. O grande objectivo é a formação de uma consciência de que aqui se produzem muitas coisas para além dessas óbvias que associamos intuitivamente quando ouvimos falar em produção nacional. Posso estar enganadíssima, mas na verdade tenho uma certa dificuldade em me recordar de marcas portuguesas que já façam parte do meu quotidiano (consciente).
Mais uma vez, os patrocinadores desta iniciativa são marcas que todos nós já conhecemos (Delta, Sonae Indústria, Arroz Caçarola, ou Primor). Continuam a não perceber o principal problema, a falta de informação. Se insistem em não dizer concretamente o que cá se faz, dificilmente, por iniciativa própria, os consumidores portugueses vão criar uma consciência para com esses produtos. Será caso para dizer: se não há oferta, não há procura? Sim, porque se as marcas portuguesas continuarem sem falar com os portugueses, os portugueses vão continuar sem comprar produtos de Portugal! Não será eficaz alertar para os benefícios económicos e sociais de consumir produtos nacionais sem que exista uma campanha específica para a noção clara de que produtos são esses.
Por outro lado, a campanha visa também a sensibilização dos empresários para a competitividade das suas empresas, incentivando-os à inovação, ao empreendedorismo e à criatividade, ao mesmo tempo que pretende levantar a sua auto-estima e dos trabalhadores mobilizando-os para produzirem melhor, ao mesmo tempo que olham a globalização como um desafio possível de vencer. As empresas podem também candidatar-se ao direito de ostentação do logotipo "Compro o que é nosso" nos seus produtos, tendo para isso de cumprir alguns requisitos impostos pela AEP.
Infelizmente, e apesar das boas intenções da campanha, acho que ainda não é por aqui... Talvez a Associação dos Empresários de Portugal devesse antes de mais ter avaliado a sua própria capacidade de inovação e criatividade...