24.12.06

Sim, sff


O referendo à despenalização do aborto já começa a mexer. A plataforma pelo não iniciou a sua campanha na primeira semana de Dezembro, uma época estratégica para chocar os mais vulneráveis com os argumentos que defendem nos seus outdoors. Toda a campanha gira à volta de perguntas que não dão muito que pensar. Caso contrário, vejamos. "Abortar por opção sabendo que já bate um coração?" - Todos sabemos que já bate um coração, o de uma Mulher que certamente não se sente feliz por ter que tomar essa decisão, ainda mais com o peso de estar a cometer um crime.
A questão mais importante aqui é que os abortos sempre existiram, são uma realidade que a todo o custo pretendemos marginalizar, mantida à custa de preconceitos e julgamentos éticos. Ninguém é a favor de se matar ninguém! Não é isso que está em causa!! O que está em causa sim, é a possibilidade de uma Mulher poder, livremente, tomar uma decisão que é só dela e que mais ninguém sabe o quanto lhe custa. Na minha opinião, e desculpem porque este post era apenas para comentar a campanha do ponto de vista de marketing, a situação actual é uma cobardia muito grande, pois os abortos nunca vão deixar de existir, é apenas uma questão de fazer com que deixem de ser clandestinos.
Mas ok, tenho de admitir que a plataforma "Não-obrigada" está nas ruas com uma campanha impactante e agressiva, porém não concordo que seja uma campanha de esclarecimento, pois aquilo que estão a fazer não é esclarecer, mas antes continuar a esconder a realidade à custa de sentimentalismos, que a meu ver revelam uma escassez de argumentos.
Nunca fui muito fã de campanhas políticas (ou de política?!), mas desde há uns anos para cá tem-se notado uma evolução brutal nessa área. Sobretudo, porque passou a existir um recurso a agências especializadas nessa área do Marketing, dotadas de especialistas em elaborar estratégias específicas capazes de gerar um enorme confronto entre opostos, e cujo objectivo final é conquistar votos e não aumentar um volume de vendas.
Estamos cá para ver a reacção do movimento pelo Sim, na esperança de que também ele se faça notar, mas pela positiva.

1 comentário:

Devir disse...

Muito Bom!!!